ESTALEIRO
EDITORA, UMHA ALTERNATIVA EDITORIAL
Carlos González Figueiras
Estaleiro Editora
Os editores levan tanto tempo a publicar un libro
que non admira https://iq-trading.com.br que tantos sexan póstumos
Nom admira que tantos sejam póstumos e também
nom surpreende que muitos deles nom cheguem nunca a existir,
nem no papel, nem na cabeça de quem poderia chegar
a escrevê-los.
A ediçom em papel vem sendo, desde séculos
atrás, distintivo legitimador que certifica a existência
do escritor e, portanto, da obra literária e do
trabalho científico. Até na Idade Média,
a simples existência dum manuscrito podia mesmo
certificar a veracidade de determinados documentos, notariais
por exemplo, aos quais, polo simples facto de serem texto
escrito, se chegava conceder automaticamente o valor da
autenticidade. A dia de hoje, nom basta com imprimir em
papel para existir, a necessidade para o criador é
a ediçom. Só a publicaçom, ao amparo
dum determinado selo editorial, legitima o autor em sociedade
e entre os seus pares. O escritor tem de publicar... mas
onde e como pode fazê-lo?
Editar com as empresas do sector editorial torna-se de
facto complicado para os jovens ecritores, às vezes
até impossível para jovens escritores sem
contactos, sobretudo se estes ousarem afastar-se da doxa
imperante no campo e se atreverem a transgredir qualquer
umha das convençons, formais ou de fundo, em que
assenta o sistema.
O importante investimento que supom a ediçom em
imprensa tradicional tem representado historicamente um
travom para aqueles que quigérom transgredir, criar
novos caminhos e , em definitiva, evoluir, se o conceito
de evoluçom fai http://iq-trading.com.br algum sentido no que di respeito
à literatura ou à cultura. É principalmente
por isso que muitos desses originais que os editores recebem
nom passam de ser umha ediçom pensada, e ainda
bem se chega a ser pensada, para ter a possibilidade de
se converter depois, anos depois, em ediçom póstuma
e até, em determinadas ocasions, muito tempo depois,
em parte do cánone promovido polas instituiçons
culturais dum estado.
A apariçom das máquinas fotocopiadoras possibilita,
desde hai várias décadas, a impressom e
distribuiçom de livros, sobretudo de poesia, criados
para o consumo e a exploraçom do momento. Muito
próximos da estética e da cultura do fanzine
da década de 70, integrando-a mesmo, aparecérom
por exemplo a chamada Geração Mimeógrafa
ou a literatura de cordel no Brasil, ou o colectivo Rompente
na Galiza como exploradores deste tipo de possibilidades
e novas vias de difusom.
Mas este tipo de soluçons nom oferecem situaçons
de normalidade para os criadores e só servem para
transgredir, para enfrentar o sistema fazendo das carências
próprias virtude, facto que obriga a defendê-las
como símbolo de existência e implica grandes
limitaçons para impugnar realmente o funcionamento
estabelecido dos sistema.
A partir da década de 90, e sobretudo desde o fenómeno
“blogue” no século XXI, a internet
representa umha plataforma de alcance quase universal
onde qualquer tipo de criador pode publicar os seus trabalhos
sem limitaçons técnicas, mas encontrando-se
mais umha vez com o mesmo problema, a necessidade do autor
de legitimar-se. Quer se queira quer nom, o papel impresso
e um selo editorial sobre a capa continuam a ser objecto
de desejo da maioria iq-trading.com.br dos autores à procura dum
lugar no campo literário, e até requisito
imprescindível para conseguir o reconhecimento
dos pares ou, por exemplo, para integrar umha associaçom
de escritores.
E precisamente é modificar esta situaçom
o que pretende o projecto de Estaleiro Editora, legitimando,
criando, abrindo portas e caminhos ao presente, pensando
no futuro dos criadores e da sua produçom. No século
XXI as técnicas de impressom tenhem evoluído
o suficiente como para que o clube de leitores se transforme
em clube de editores, pois a tecnologia POD (print on
demand ou impressom baixo demanda) permite lançar
pequenas tiragens a preços reduzidos, testar, dar
oportunidades, colocar a obra no mercado e decidir se
ampliar ou nom a ediçom, eliminando armazéns
e stokcs e minimizando os riscos económicos; se
calhar, possibilitando também no futuro, a abertura
das portas do “mercado profissional” para
produtores cujas obras ficariam de outra maneira esquecidas
ou à espera dumha ediçom póstuma.
Os preços da impressom nom som já proibitivos
com o uso da tecnologia POD, e um grupo de leitores pode
tentar editar e oferecer caminhos de renovaçom
dentro do sistema literário e cultural. Agora,
a hipótese de editar em paralelo ao circuito oficial
nom se vê limitada pola enorme diferença
de resultado estético existente entre umha fotocópia
e um livro de imprensa. Hoje, a vontade de editar pode
tentar colocar-se nas montras das livrarias e desafiar
o sistema estabelecido, com resultados estéticos
similares, dizendo: “aquele é o nosso livro”.
Assim nasce Estaleiro Editora.
Estaleiro Editora é umha associaçom cultural
sem ánimo de lucro que se rege por assembleia com
o propósito de desenvolver um projecto de ediçom
independente, capaz de abrir novos caminhos dentro do
sistema literário galego.
O Estaleiro pretende-se assim referente daqueles produtores
e consumidores que, como as pessoas integrantes deste
projecto, demandam umha alternativa ao circuito oficial
da literatura e do pensamento subsidiados mediante a criaçom
de um espaço de liberdade para a dinamizaçom
cultural, a inovaçom literária e o pensamento
crítico. Com esta intençom, Estaleiro Editora
constitui-se como um projecto de difusom cultural que,
optando por vias de distribuiçom alternativa, rejeita
a política dos subsídios e pretende umha
ediçom de qualidade a preços reduzidos,
cujo mínimo lucro esteja destinado unicamente à
produçom de novos materiais e à promoçom
e distribuiçom dos já publicados. Autores
e editores renunciam portanto, neste projecto, a qualquer
tipo de retribuiçom económica polo seu trabalho
para se centrar sobretudo nas hipóteses que se
apresentam para intervir no sistema cultural e para a
acumulaçom de capital simbólico dentro do
campo literário, tanto a nível individual
quanto a nível colectivo.
Desde a sua ausência de ánimo de lucro, a
associaçom editará sob licenças Creative
Commons, que permitem e fomentam a possível reutilizaçom
das suas publicaçons, só exigindo dos futuros
editores ser informada da publicaçom dos novos
materiais, que esta se faga sob o mesmo tipo de licença,
citando a ediçom original e também sem ánimo
de lucro. De Estaleiro Editora consideramos que este tipo
de licenças som a principal salvaguarda da nossa
independência, ao mesmo tempo que nos permitem apostar
na difusom de umha cultura livre em que só alguns
dos direitos, como o reconhecimento da autoria, estejam
reservados.
Estaleiro Editora aposta assim com decisom na livre e
gratuita circulaçom da cultura, polo que colocará
todos os seus livros na internet para descarga gratuita,
pretendendo, desta maneira, que os materiais que integram
o seu catálogo podam ser consumidos por todos aqueles
leitores que tenham interesse no produto, acreditanto
em que, para além do seu valor na difusom de pensamento,
esta medida virá incrementar a publicidade e visibilidade
do projecto. Para além disso, a rede representará
o principal ponto de distribuiçom e venda para
o livro impresso que, sem renunciar à presença
em livrarias convencionais, será também
distribuido em bancas que a editorial colocará
em feiras, festivais e jornadas culturais de diferente
natureza e sobretudo nas apresentaçons públicas
que dos diferentes materiais se fará sempre em
diferentes pontos do país.
Estaleiro Editora pretende assim contribuir para a criaçom
dum circuito alternativo para a difusom cultural em que
o projecto irá ganhando pouco a pouco visibilidade
e que servirá também como plataforma para
a colaboraçom com outro tipo de colectivos. Desta
maneira, o Estaleiro coloca-se à disposiçom
das diferentes associaçons culturais que trabalham
no país para prestar a sua colaboraçom e
assumir com elas ediçons em parceria, possibilitando
que os outros colectivos se centrem mais na eleboraçom
de conteúdos do que no trabalho editorial e meramente
técnico ou logístico que, normalmente, nom
deve fazer parte do seu quotidiano.
Estaleiro Editora editará unicamente em galego
e, ao igual que a respeito de outras questons, dará
sempre prioridade ao respeito à liberdade intelectual
dos criadores na elecçom da norma ortográfica
em que estes decidirem veicular o seu pensamento. Assumindo
a situaçom de conflito normativo existente com
naturalidade, de Estaleiro Editora consideramos que em
nengum caso devemos pretender-nos decisivos a este respeito
e que problemáticas deste tipo só poderám
ser satisfatoriamente resolvidas em condiçons de
liberdade e sem censuras.
Pretende-se assim a geraçom da novidade, a produçom
do irreproduzível nos circuitos oficiais e o apagamento
das barreiras psicológicas, técnicas e económicas
que fam com que muitos originais fiquem esquecidos nas
gavetas quando para o escritor só resta a hipótese
de editar-se ele próprio, da ediçom de autor,
muitas vezes considerada menos legítima e importante.
Como foi dito já, Estaleiro Editora apresenta-se
entom como um espaço de liberdade, nom necessariamente
marginal, em que diferentes estilos, géneros, temáticas,
tendências de pensamento e normas ortográfias
confluem sem complexos, tentando, pouco a pouco, a criaçom
de umha personalidade própria capaz de arriscar
na descoberta de novos valores, de novas estéticas,
de novos caminhos para a arte e o pensameto.
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